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População teme andar pelas ruas do Centro de Teresina

Ciclista e motociclistas armados têm feito cada vez mais vítimas na capital

10/08/2019 12:35

O Centro de Teresina é uma das áreas mais movimentadas da cidade em dias úteis, mas, nos finais de semana, as ruas ficam desertas e isso favorece a ocorrência de assaltos. Quem trabalha ou transita por essa região aos sábados e domingos certamente já presenciou ou até foi vítima dessas práticas criminosas. 

No dia 20 de julho, Maria Oliveira foi assaltada a poucos metros da entrada do seu trabalho, o quarto crime que ela sofreu em apenas um ano. Dessa última vez, o criminoso levou seus documentos pessoais e alguns outros objetos. 

“Na bolsa não tinha dinheiro e o que era de maior valor ficou comigo, já que meu celular estava escondido. Quando ele se afastou, eu corri porque fiquei com medo dele abrir a bolsa e ver que não tinha nada e voltar para me fazer alguma coisa. Ele se aproximou de bicicleta e ameaçou atirar se eu corresse. Eu levantei as mãos para ele pegar o que quisesse, ele puxou minha bolsa e seguiu em direção ao Centro”, lembra. 

O assalto foi bastante similar ao que ela sofreu em março deste ano, quase no mesmo local, apenas um quarteirão antes. Maria Oliveira relata que um homem em uma motocicleta se aproximou e, com a cabeça, apontou para o cós da calça e, mostrando a arma, pediu o celular. Ao conseguir o objeto, o assaltante fugiu. 

(Foto: Jailson Soares/ODIA)

“É uma coisa que eu meio que já me acostumei, a lidar com prejuízo depois de assalto, pois essa não é a primeira vez que eu sou vítima de criminosos na região. Esse meu assalto de março foi três dias depois de uma colega do trabalho ser assaltada na frente da empresa, da mesma forma, então a suspeita é de que seja o mesmo criminoso”, conta a jovem. 

A vítima citada por Maria é a jornalista Virgiane Passos. Numa sexta-feira, por volta da 13h, ela estava chegando ao trabalho e estacionou seu veículo a cerca de 150 metros do local que trabalha. Ela conta que avistou duas pessoas subindo rapidamente em uma motocicleta e seguindo em sua direção. 

“Não tinha ninguém na rua, mas a recepção do meu trabalho estava perto. Não tinha muito o que fazer, continuei andando e eles me aborda. O garupa desceu, puxou minha bolsa, quebrou meu colar e disse que se eu reagisse me matava. Mas, diante do medo, eu não consegui checar se eles estavam armados ou não. Eles levaram minha bolsa com tudo, celular, dinheiro, documentos, objetos pessoais, chave do carro”, relata. 

Essa também não foi a primeira vez que Virgiane foi assaltada. A jornalista comenta que foi vítima de criminosos em uma parada de ônibus, onde levaram seu celular e, seis meses atrás, havia sofrido uma tentativa de assalto, no qual os bandidos tentaram levar seu veículo. 

“Dessa vez, levaram pertences muito importantes e de valor para mim, sem falar que, por ser na rua em que eu trabalho, a poucos metros da entrada, dá uma sensação de impotência, de raiva e de medo. Um lugar perto de uma grande avenida da cidade, próximo à sede do Ministério Público, do 25 BC, e você não tem a menor segurança. No dia, fiquei com medo deles voltarem para pegar o carro. Mas graças a Deus consegui recuperar, ainda na mesma tarde, os documentos e a chave do carro; o celular não. Só que aquela 'liberdade/tranquilidade' que eu tinha de ir trabalhar, eles levaram”, lamenta. 

Quatro meses após o susto, Virgiane ainda carrega o trauma de se deslocar até o trabalho e o medo de ser novamente surpreendida por criminosos. “É meu percurso diário e o que eu posso fazer? Nada. Nos dias que fico mais nervosa, mais apreensiva, acabo gastando com Uber por medo de acontecer de novo. A sensação é que somos alvos fáceis e, sem policiamento, sem oferecer o mínimo de segurança, tudo pode acontecer de novo e de novo. A região registra várias ocorrências. Inclusive, dois dias depois que fui assaltada, outras duas pessoas também foram no mesmo trecho”, pontua.


“O Estado é quem tem que dar segurança e não eu que devo parar de usar minhas coisas”, desabafa vítima

Mais do que traumas, os assaltos sofridos pelas vítimas geram prejuízos e coleções de boletins de ocorrência. Virgiane Passos precisou ir ao 1º Distrito Policial, localizado próximo à Praça Saraiva, para fazer o B.O. Ela precisava do registro para solicitar a segunda via dos documentos que haviam sido levados.

“Registrei o B.O. porque sabia que precisava para tirar a segunda via dos documentos e também porque tinha um pouco de esperança de reaver o celular, já que era um Iphone, que tem sistema de rastreamento e que 'teoricamente' é mais fácil de localizar”, conta.

Maria Oliveira também precisou registrar B.O. dos documentos que foram levados durante o assalto. A jovem pontua que teve um grande prejuízo financeiro no último ano por conta da quantidade de celulares que foram roubados e chama atenção do poder público para reforçar a segurança.

“Esse já é meu quarto celular em um ano. Além do celular que é levado, fica o susto, o desespero que é levar suas coisas, que você trabalha com muito esforço para conseguir e é levado na força e na violência, ameaçando tua vida. Eu compro um celular me questionando quanto tempo ele irá durar. Dizem que não podemos andar com celular bom para não chamar atenção, mas eu não vou deixar de ter minhas coisas porque tem gente roubando. Trabalho para comprar o que tenho vontade e coisas boas, o Estado é quem tem que dar segurança e não eu que devo parar de usar minhas coisas”, reforça.

Contraponto

A equipe de reportagem do Jornal O DIA solicitou dados sobre a quantidade de Boletins de Ocorrência registrados no 1º Distrito Policial junto à Secretaria de Segurança Pública, mas o órgão informou precisar de um prazo de 20 dias para coletar as informações.

Por: Isabela Lopes
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