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Justiça libera repasse e ônibus devem voltam a circular durante a tarde

Após auditoria, Prefeitura diz que dívida com Setut é de R$ 9 milhões e não R$ 12 milhões como o Sindicato havia reivindicado. Motoristas aguardam pagamento.

21/06/2018 09:40

Atualizada às 11h04min

A Justiça autorizou a Prefeitura de Teresina a antecipar o pagamento de R$ 1 milhão da dívida que está sendo negociada com o Setut. Segundo a Superintendência de Trânsito (Strans), a PMT deve ao Setut um valor de R$ 9 milhões em contrapartida para a manutenção do sistema de transporte público. Já o Sindicato dos Empresários diz que o valor da dívida é R$ 12 milhões. Após a decisão da Justiça, a PMT resolve apenas os trâmites burocráticos para liberação do valor.

"Até o meio dia isto deve estar resolvido e nós esperamos que o mais breve possível já haja ônibus rodando normalmente para atender à demanda do horário de pico", ressaltou o superintendente da Strans, Carlos Daniel Júnior. Já o Sindicato dos Motoristas de ônibus diz que os trabalhadores só voltarão às atividades quando tiverem a confirmação de que o salário atrasado já está na conta. A previsão da categoria é que, caso ocorra tudo como o planejado, nas primeiras horas da tarde de hoje o transporte coletivo de Teresina volte a funcionar normalmente.

Iniciada às 09h40min

Se de um lado, o teresinense sofre com a falta de ônibus nas ruas devido à paralisação dos motoristas, de outro, Prefeitura e Setut divergem sobre a dívida que dificulta o pagamento dos trabalhadores para que o serviço volte a funcionar normalmente.

O Sindicato dos Empresários de Transporte Urbano alega que a PMT deve um montante de R$ 12 milhões correspondentes à contrapartida para o funcionamento do sistema em 2017. No entanto, a PMT diz que precisa ter certeza sobre qual é o real valor da dívida e aguarda uma auditoria da Justiça para que o repasse seja feito. Enquanto isso, os empresários alegam falta de caixa para pagar o salário dos motoristas e cobradores.

As entidades alegam que só o valor da passagem inteira – R$ 3,60 – não é suficiente para sustentar o sistema de transporte coletivo da Capital, daí a necessidade da contrapartida da Prefeitura para manter o valor da passagem acessível aos usuários.

Na reunião ocorrida ontem com representantes do Setut, da PMT, do Tribunal Regional do Trabalho e do Sintetro, a Prefeitura se comprometeu a adiantar o repasse de R$ 1 milhão do valor da dívida com o Setut, no entanto precisa do aval da Justiça para que a quantia seja liberada. Na manhã de hoje, as entidades voltam a se reunir com o TRT para tratar da questão. Enquanto o Setut não receber o valor e pagar os salários atrasados da categoria, o Sindicato dos Motoristas mantém a paralisação.

Confira a nota do Setut na íntegra:

Mesmo após ter sido acertado em reunião ocorrida no Tribunal Regional Trabalho, na tarde dessa quarta-feira dia 20, de que a Prefeitura Municipal de Teresina faria o repasse para as empresas prestadoras do serviço de transporte público, para que as mesmas pudessem realizar o pagamento do adiantamento salarial neste dia 21, dos motoristas e cobradores, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte (Sintetro) não conseguiu evitar que o sistema amanhecesse sem seu funcionamento normal.

Dessa forma, o Setut lamenta imensamente os transtornos ocasionados, mas informa à população teresinense que a ocorrência dessa instabilidade financeira se deve ao fato de a Prefeitura possuir uma dívida junto aos quatro consórcios que operam na cidade, no valor de mais de R$ 12 milhões, somente do ano de 2017.

Longa espera e medidas paliativas

Sem ônibus durante esta manhã, os teresinenses estão procurando medidas alternativas para se locomover e chegar ao trabalho. Por conta do período de espera mais longo que o normal, as paradas de ônibus da Capital estão praticamente vazias e a procura por mototaxistas, taxistas e motoristas de aplicativo aumenta.

Passageiros aguardam por longas horas o transporte público. (Foto: Lucas Albano/Portal O Dia)

Maria da Guia vinha do hospital com a filha. A criança de oito anos estava internada e a mãe não sabia da paralisação dos coletivos. "Cheguei aqui e não tinha ônibus, estou aqui faz um tempo e ainda não passou nem alternativos. Agora tenho que ver como vamos voltar para casa, mas vou esperar mais um pouco.

Outro que também foi pego de surpresa foi o teresinense  Alan Peter, que foi a pé da Avenida Nossa Senhora de Fátima até a Avenida Frei Serafim para poder trabalhar no Centro. E ele não era o único: "Tinha muita gente vindo a pé da zona Leste para o Centro, o pessoal que trabalha por aqui e não tinha como vir, então é mais fácil vir caminhando", explicou.

José Borges da Silva, presidente do Sindicato de Usuários de Transporte Público de Teresina, comentou a paralisação. "Já andei as quatro zonas da cidade falando com os usuários e não tem um ônibus rodando. Isso é um absurdo, alguém tem que ser punido. Muita gente está correndo o risco de ser demitido porque não conseguiu chegar ao trabalho. A população não pode ficar à mercê de um repasse", dispara.

Os usuários relatam que nem transportes alternativos estão circulando, avenidas estão vazias. (Foto: Lucas Albano/Portal O Dia)

Para tentar minimizar os impactos da paralisação, a Superintendência de Trânsito de Teresina começou a cadastrar motoristas de transporte alternativo.

Podem fazer cadastro ônibus e vans devidamente fiscalizados. “Faremos uma vistoria completa dos veículos, assim garantiremos a segurança do usuário. Vamos cadastrar a maior quantidade de carros possível para que as pessoas não fiquem prejudicadas”, explicou o gerente de Planejamento da Strans, Denilson Guerra.

Os interessados devem procurar a Strans com o veículo, documentação e a carteira de habilitação. As ordens de serviço serão entregues junto com o roteiro que deverá ser seguidos pelos ônibus. Vale lembrar que os transportes alternativos não possuem bilhetagem eletrônica, portanto a passagem deve ser paga somente em dinheiro. Estudantes devem apresentar a carteira estudantil para ter direito à meia passagem. Qualquer irregularidade no serviço, como o não cumprimento da cobrança da meia tarifa deverá ser denunciado à Strans.

Por: Maria Clara Estrêla e Lucas Albano
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