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Somente 30% dos produtos esperados para o fim de semana chegaram à Nova Ceasa

Estoque atenderá somente o pequeno e médio varejo e é insuficiente para abastecer supermercados. Na saúde, ambulâncias têm combustível garantido para mais 5 dias.

26/05/2018 11:28

A greve dos caminhoneiros, decorrente do aumento no preço do combustível, agrava a cada dia a crise de abastecimento em todo o Brasil e no Piauí o cenário não é diferente. A preocupação no momento é na distribuição de gêneros alimentícios e no funcionamento de hospitais e serviços de atendimento de urgência.

Na Nova Ceasa, por exemplo, somente 30% dos produtos esperados para chegar no fim de semana foram entregues e os outros 70% ficaram retidos nas estradas. O estoque será destinado ao pequeno varejo em Teresina. Supermercados e hipermercados, que demandam uma carga maior de produtos, não poderão ser reabastecidos.

Foi o que informou o gerente de mercado da Nova Ceasa, Marcos Massaranduba. “O médio e alto varejo está sendo brutalmente prejudicado. Nesses 30% que chegaram havia mais verduras e legumes, mas fruta entrou pouco. A grande maioria da carga ficou presa nos bloqueios e provavelmente será perdida”, explica.


Foto: Moura Alves/O Dia

E o consumidor que procura a Nova Ceasa para comprar gêneros alimentícios já está sentindo no bolso o impacto da crise no abastecimento. Os preços das frutas, verduras e legumes subiram de 20% a 40% nos últimos dias e a tendência é que eles se elevam ainda mais caso o impasse com os caminhoneiros não chegue a um fim.  O abacate, por exemplo, que há três dias custava em média R$ 3,00 já está sendo vendido a R$ 5,00.

Massaranduba explica que até mesmo colheita está prejudicada, já que os  produtores estão temendo que seus produtos não sejam entregues e sejam desperdiçados nas estradas. “Quem é que quer colher sem ter a certeza do retorno? Não é seguro fazer a colheita porque não se sabe se o produto vai ser transportado, então os produtores não estão nem um pouco encorajados a isso. Temos caminhões que viajam 4 mil Km vindo do Sul do país trazendo alimentos e esse produtor precisa ter segurança de que seu produto vai chegar ao destino final”, afirma o gerente de mercado da Nova Ceasa.


Foto: Moura Alves/O Dia

A estimativa de Marcos Massaranduba é de que demore ainda de três a quatro dias para a situação na Central de Abastecimento ser normalizada após o fim da greve dos caminhoneiros.

Ambulâncias tem combustível para os próximos 5 dias

Outro setor básico que é motivo de preocupação durante esta crise é o hospitalar. A Fundação Municipal de Saúde (FMS) disse que contatou o posto responsável pelo abastecimento das ambulâncias assim que a greve foi anunciada e o combustível começou a faltar. No entanto a quantidade abastecida só é suficiente para manter as ambulâncias rodando normalmente até a próxima quinta-feira (31).


Foto: Moura Alves/O Dia

O mesmo se aplica para o funcionamento dos geradores de energia dos hospitais, que só possuem reserva de óleo para os próximos cinco dias. Até lá, a FMS informou que os serviços hospitalares em Teresina funcionarão normalmente, mas orientou as equipes a evitarem desperdícios, especialmente no setor nutricional. A Direção de Assistência Especializada já pediu aos nutricionistas que racionem o uso do gás de cozinha e faça ajustes nas dietas dos pacientes, revisando todo o cardápio no sentido de contabilizar o que há no estoque e ver o que pode ser substituído sem perda nutricional.

Rodoviária sem ônibus

Quem pretendia viajar neste final de semana saindo de Teresina teve seus planos frustrados. Isto porque todas as 33 empresas que operam no terminal rodoviário da Capital cancelaram horários de embarque devido à falta de combustível para colocar os ônibus nas estradas. Segundo Robson Silva, diretor da Rodoviária Lucídio Portela, foram canceladas partidas em todos os horários (manhã, tarde e noite) e as empresas estão dando aos clientes a opção do reembolso das passagens ou a remarcação.

Isto gera impactos na arrecadação do terminal. É o que ele explica: “nós temos as taxas de embarque, que são convertidas em melhorias estruturais do terminal. Sem embarque, não tem taxa e sem taxa, nossa receita cai. Aliás, não só a nossa, mas a das empresas também”, diz Robson Silva.

Bloqueios e falta de combustível

A greve dos caminhoneiros já entra em seu quarto dia em Teresina. Desde a última quarta-feira (23) eles se encontram parados em frente ao posto fiscal da Tabuleta em protesto contra os reajustes seguidos no preços da gasolina e do óleo diesel pelo governo federal. A fila de caminhões só aumenta na BR-316 e os motoristas de aplicativo chegaram a fazer um bloqueio no terminal de petróleo da Petrobras, na zona Sudeste de Teresina.

O resultado é a falta de combustível na cidade. Consumidores que procuram gasolina na zona Leste não encontram mais combustível. No Centro, um dos postos da Petrobras na Avenida Frei Serafim também já registra bombas secas e a fila de carros para abastecer só aumenta.

Por: Maria Clara Estrêla e Lucas Albano
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