Do profissionalismo ao amadorismo. Da paixão pelo esporte à promoção da saúde. É assim que pode ser definida a Volta da Frei, tradicional corrida de rua promovida pela Prefeitura de Teresina como parte das comemorações pelo aniversário da Capital. Este ano, o evento chegou a sua quinta edição e reuniu cerca de 900 atletas no adro da Igreja São Benedito.

São atletas correndo em família, grupos de corrida que disputam as primeiras colocações e os prêmios, ou que também se juntaram somente para compartilhar a paixão pelo esporte. Mas o que chamou a atenção nesta edição da Volta da Frei foi a participação mais visível do público da terceira idade. São atletas com mais de 60 anos que, a cada passo dado, desafiam os limites do próprio corpo e provam que praticar esporte e se exercitar não é questão de faixa etária e sim de vontade própria.

Tem gente que coleciona prêmios, como é o caso do corredor João Cordeiro, de 73 anos, que, além de participar de corridas, também pedala e nada. Ele já conquistou 70 troféus e 105 medalhas junto com o clube de corrida do qual faz parte desde 2010 e antes mesmo de se dedicar ao atletismo, já fazia academia. Somente na última semana, o senhor percorreu 42 Km de bicicleta como parte da preparação física para a Volta da Frei.

João Cordeiro se declara um “consumidor de exercício”: “Eu sempre digo que a gente vai envelhecendo e vai perdendo os elementos de defesa do corpo. O exercício, ele vem fazer com que esses elementos se mantenham mais ativos. Meu norte é o exercício”, afirma o senhor, que completou toda a Volta da Frei em pouco mais de 30 minutos e ganhou a o primeiro lugar em sua faixa etária.

^{João Cordeiro tem 73 anos e coleciona troféus em competições esportivas (Foto: Elias Fontinele/O Dia)}

Há ainda aqueles que correm em família e usam o esporte como válvula de escape para o estresse do dia a dia. É o caso da dona de casa Deusimar Evangelista, 62 anos, que no ano passado ganhou em primeiro lugar na sua categoria na Volta da Frei. Ela começou a praticar exercício por influência do marido, o bancário aposentado Antônio Evangelista. Acabou pegando gosto pela coisa e agora corre por questão de saúde: “esporte pra mim é sinônimo de liberdade. Fora que o corpo agradece, você fica mais disposta, mais de bem com a vida”, afirma.

Essa animação do teresinense com a prática de atividade física ficou visível quando a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (Semel) abriu as inscrições para a Volta da Frei 2018. Em quatro horas, todas as 900 vagas disponíveis para a corrida foram preenchidas e este ano o evento mudou de horário, sendo realizado mais cedo, em razão do calor que faz na Capital durante este período do ano. O objetivo da mudança era possibilitar um melhor desempenho dos atletas.

Em conversa com a reportagem de O Dia, o secretário municipal de Esportes e Lazer, Guilherme Berger, comemorou o sucesso do evento que a cada ano se consolida no calendário de Teresina. “Estamos celebrando o esporte e ele é uma ferramenta excelente não só de inclusão, mas também de saúde para todos”, disse. Devido ao sucesso desta e das edições anteriores da Volta da Frei, a Prefeitura planeja para o próximo ano aumentar as vagas disponíveis no evento.

^{Fotos: Elias Fontinele/O Dia}

A Volta da Frei

Os cinco primeiros colocados de cada categoria é que levam a premiação em dinheiro da Volta da Frei. Os três primeiros colocados recebem, cada um, o troféu da competição e todos ganham uma medalha pela participação. A prova durou pouco mais de uma hora, mas os primeiros colocados nas categorias masculina e feminina conseguiram completar o percurso – que foi da Igreja São Benedito até a Ponte JK com ida e volta – em menos de 25 minutos.

Confira abaixo os cinco primeiros colocados nas categorias masculina e feminina e seus respectivos tempos de prova:

Masculina:

Adelson Rodrigues – 16min18s

Josimar da Conceição – 16min32s

João Batista – 16min45s

Hildemberg Sousa – 16m51s

Dalysson da Silva – 16min57s

Feminina

Cruz Nonata – 19m22s

Maria Regina – 20min10s

Cleudilene Ramos – 20min45s

Daiana Fernandes – 21min11s

Ana Célia – 22min17s

Adelson Rodrigues, que foi o primeiro a cruzar a linha de chegada e não é novato na competição: esta já é a segunda vez que o corredor vence a Volta da Frei. Para ele, o que torna a prova mais cansativa não é nem o percurso, mas o calor. “Por mais que a gente treine, acaba sentindo o clima”.

Já o segundo colocado da prova masculina, Josimar da Conceição, afirmou que sentiu um pouco a mudança do percurso este ano, principalmente na subida depois do retorno da Ponte JK. “No meio do caminho a gente vai incentivando os iniciantes. Eu que já corro há nove anos tento passar um pouco pra eles da experiência que a gente adquire”, afirma.

Já a corredora Cruz Nonata, que venceu na categoria feminina, vê na Volta da Frei um treinamento para grandes competições. “Aqui dá para ter uma ideia de como funcionam competições maiores como uma meia maratona, por exemplo. A preparação é a mesma para essa corrida e para qualquer outra”, disse.

Por: Maria Clara Estrêla