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A verdade por trás da batida eletrônica

Festivais de música eletrônica integram música, arte e natureza em eventos cada vez mais populares no Piauí

11/12/2019 10:41

De longe, o som do DJ, que pode ser um artista local ou um grande nome da música eletrônica mundial, já é ouvido e contagia aqueles que esperam o início de mais um dos eventos multiculturais que cada vez mais ganham público e força em Teresina e no Piauí.

Ao entrar no sítio, espaço que comumente recebe eventos como esses, natureza, luz e som tomam nossos sentidos fazendo com que a ocasião ganhe contornos ainda mais especiais. A ideia é proporcionar aos participantes muito mais que uma festa, mas sim uma experiência. Uma experiência cheia de arte, som, luz e demonstrações de afeto que pode ser dividida em dois períodos distintos, cada um com sua beleza e peculiaridade.

É durante a noite que o evento tem início e que luzes, projeções, máscaras, fantasias, adereços coloridos e até mesmo uma fogueira encantam a multidão que toma conta de todos os espaços. A pista, especialmente em frente a cabine do DJ, logo se torna um dos espaços mais movimentados. Palmas para o DJ, abraços e a sincronia de uma multidão ao som da música eletrônica são só o começo da experiência.

Com o nascer do sol e o raiar do dia os festivais ganham ares de festa na piscina com direito a cadeira de praia, banho de mangueira, óculos de sol, água e frutas. Durante o dia também é possível observar melhor uma das principais marcas de eventos como este: a diversidade. São homens, mulheres, jovens, adultos, o pessoal da melhor idade, grávidas, casais e famílias inteiras vibrando ao som da música e em contato com a natureza.

E se após essas horas de festa o cansaço bate, as sombras das árvores viram o melhor espaço seja para descansar ou para continuar a dançar. Outro ponto bastante interessante e libertador: não há uma forma certa ou errada de dançar, logo aquela sua vergonha por não estar com a coreografia em dia passa e você começa a simplesmente mexer o corpo na batida da música, parece clichê, mas a energia é muito forte para ficar parado.

“Eu sempre digo que a gente se conecta com um amor maior porque é muita gente reunida em paz e com o propósito de apenas se divertir. Faço e encontro amigos, me sinto segura, danço tranquila, entro em contato com a natureza e fico bastante feliz por ver que a cada evento estamos mais organizados e promovendo a imagem correta que queremos que festas como esta tenham”, afirma Valéria Monteiro que é estudante e presença cativa nos eventos da região.

Os festivais de música eletrônica acabam se mostrando uma espécie moderna de fugere urbem estimulando o contato entre pessoas e a natureza, sendo, para muitos, um respiro em meio a correria em que vivemos. O certo é que o estilo que já foi muito marcado por estigmas e preconceitos conseguiu se reinventar e atrair atenção de um público diverso que cada vez mais busca diversão com conceito.

Entretenimento e estímulo às boas práticas Outra característica que tem marcado os festivais é a preocupação dos organizadores em promover e estimular boas práticas que vão desde ao estímulo a uma alimentação mais saudável à educação e conscientização contra o assédio.

“Eu amo música eletrônica e quero compartilhar o amor pela música e pela natureza com todos. Vivemos em uma época em que somos tão apegados às novas tecnologias, uma época em que não sentimos o chão que a gente pisa, não vemos um pôr ou um nascer do sol, temos pouco contato real com as pessoas, então nosso evento é pensado para trazer as pessoas e fazer com que elas se divirtam e saiam mais felizes e conscientes, que elas encontrem e façam amigos”, explica Joana D´Arc, produtora da Xavante, evento realizado a cada semestre e que reúne pessoas de diversos estados.

Na última edição da Xavante, por exemplo, foram distribuídas frutas em um grande café da manhã coletivo; o lixo, uma preocupação necessária visto que é um evento integrado à natureza, foi devidamente recolhido e reaproveitado por uma cooperativa parceira e outro ponto que mereceu destaque foi a prevenção ao assédio. Nos festivais, a máxima mexeu com uma, mexeu com todas é real e as mulheres se uniram em equipes para ajudar, proteger e cuidar umas das outras, disponibilizando desde remédios até companhia para ir ao estacionamento ou ao banheiro.

Tudo isso mostra que com amor e profissionalismo é possível promover boas ideia e atitudes, além de utilizar seu espaço e sua voz em prol do crescimento de um estilo que vai muito além de um estilo de música ou de uma festa, é um estilo de vida. E para quem ainda tem preconceito fica a reflexão: se é um rolê que você pode levar cadeira de praia, sentar e apreciar boa música e natureza, não tem como ser ruim.

Edição: Marco Antônio Vilarinho
Por: Douglas Ribeiro - Especial para ODia
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