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"O Sedutor do Sertão", livro inédito de Ariano Suassuna, chega às livrarias

O libro foi escrito em 1966 e guarda todos os elementos do seu singular universo, mas permaneceu inédito até os dias de hoje.

19/02/2020 12:25

Autor de histórias repletas de humor e lirismo, nas quais a cultura nordestina tem sempre lugar de destaque, Ariano Suassuna produziu uma obra tão rica quando vasta. O Sedutor do Sertão ou O Grande Golpe da Mulher e da Malvada foi escrito em 1966 e guarda todos os elementos do seu singular universo, mas permaneceu inédito até os dias de hoje. A primeira edição do romance, que tem texto fixado pelo ensaísta Carlos Newton Júnior e ilustrações assinadas por Manuel Dantas Suassuna, chega então às livrarias, neste mês de fevereiro, para preencher com distinção essa lacuna. 

O Sedutor do Sertão foi pensado originalmente como base para o roteiro de um filme. A produção, entretanto, acabou não se realizando por falta de verbas. No centro da sua trama está Malaquias Pavão, um personagem que usa a esperteza como arma contra a opressão e que apareceria depois nas páginas de Romance d’A Pedra do Reino, obra-prima lapidada pelo autor entre os anos de 1958 e 1970.

 “[O livro] se nos apresenta, ao mesmo tempo, como um romance heroico e picaresco; um romance épico e cavalariano, mas também humorístico, em que se fundem, no mesmo protagonista, as características tradicionalmente atribuídas ao ‘herói’ — beleza física, força, coragem, destreza com as armas, capacidade de liderança etc. — àquelas típicas de um ‘anti-herói’, de um ‘amarelinho’ ou de um ‘quengo’ — a exemplo da astúcia, do individualismo e da falta de caráter”, explica Newton Júnior no prefácio.

Para desenvolver o enredo, Suassuna se inspirou em uma passagem de Os Sertões, na qual o autor, Euclydes da Cunha, retrata o tráfico de cachaça na região. À diferença do clássico euclydiano, porém, o texto de O Sedutor do Sertão se estrutura a partir de cenas hilariantes, que fazem do riso uma ferramenta poderosa para se pensar as mazelas políticas do país.

Poeta, dramaturgo, romancista e artista plástico, ARIANO SUASSUNA nasceu na capital da Paraíba, em 1927, e faleceu no Recife, em 2014. Adquiriu renome nacional e internacional com obras como o Auto da Compadeci­da, no campo do teatro, e o Romance d’A Pedra do Reino, na prosa de ficção. Mem­bro da Academia Brasileira de Letras e grande defensor da cultura brasileira, foi o idealizador do Movimento Armo­rial, lançado no Recife, em 1970, com o objetivo de, nas suas palavras, “realizar uma arte erudita brasileira a partir das raízes populares da nossa cultura”.

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